Entrevistamos o artista Roger “Ror” que faz intervenções urbanas desde 2004, com trabalhos temáticos Ror busca através da arte evoluir e passar mensagens a toda população que diariamente enfrenta o caos e a poluição visual de São Paulo.
Como começou seu envolvimento com a arte urbana?
O meu inicio no meio disso tudo começou com as tags, nas etiquetas pimaco e um pouco antes disso com a famosa bomba de giz. Daí então, comecei a fazer umas tags no pimaco e colar, até que fui vendo a cena que já rolava em Sampa com o Wel016, LambdaLambs, Projeto Chã e comecei a imprimir alguns posters bem toscos em casa, a partir daí fui conhecendo técnicas diferentes, entre elas o sticker, que colei por um bom
tempo e até hoje faço alguns, a arte sempre teve muita presença na minha vida, desde moleque andando no ônibus vendo as pixações por São Paulo todinha, nunca deu pra negar isso, era na cara e tinha mais trampo na rua.
Você lembra em que ano começou?
O tempo das tags foi em 2004, mas era muito aquela cena de fazer e colar no bairro, nem câmera eu tinha na época, a evolução a partir daí foi um pouco lenta, mas ao passar o dia a dia ela foi ocorrendo, evoluindo pro stencil, pro silk...
Quem principalmente influenciou/inspirou você e sua arte durante essa jornada na rua?
Dois artistas me influenciaram muito, o Chã, eu via os trampos direto no meu dia a dia e em todos os lugares que eu ia, não tinha como fugir. O outro foi o Obey porque a qualidade dos trabalhos dele influenciou fortemente nos posters, estilo dos meus posters também, foram dois artistas primordiais pra mim.
Você é conhecido na cena da arte urbana, o que você acha que contribuiu principalmente pra isso, pra ter esse reconhecimento?
O que deve ter contribuído com isso foi a temática dos trabalhos assim quando eu iniciei nos sticker, o meu primeiro foi um com três mãos e uma frase "Never Stop", as mãos significam a luta das pessoas na sociedade, pra viver dentro dela, dentro do jogo dela. Assim quando passei a fazer os outros stickers, com desenhos diferentes fiz um robô chorando e uma frase também "O governo robotiza".
Depois desses adesivos eu comecei a fazer um da mão, somente ela em evidencia e o meu nome do lado, acho que nessa época todos já sabiam a idéia que eu queria passar, através dos meus trabalhos, fiz alguns posters que foram impressos no máximo duas vezes nessa época, eram mãos quebrando uma corrente, que simbolizava a liberdade, a busca da liberdade nesse país capitalista e desigual que vivemos. Fiz outros dois em A3, dessa vez mais trabalhados e impressos em grande escala, um com um braço e uma mão fechada e outro homenageando a cidade de São Paulo a qual eu tenho um grande amor e sempre absorvi MUITA coisa dela desde pixação, a poluição visual e ao caos sem igual. Eu sempre quis fazer algo que tivesse uma notabilidade na rua, que quando você visse
faria você pensar naquilo, ou porque está ali.
Como você vê a arte urbana no Brasil hoje?
No meu ponto de vista, hoje a arte urbana ta meio divida, acho que muitos que verão esse texto vão compreender. Hoje em dia há quem goste de fazer os seus trampos na rua sem querer notoriedade, sem querer ser fotografado e tem aqueles que querem ir pra galeria ou até mesmo quem faz só por amor a arte. Hoje a sociedade consome mais arte, nem que seja somente os habitantes, eles gostam do graffitti, eles tiram foto com a família atrás por exemplo, coisa que o governo de São Paulo não vê e não respeita. Existe meio que uma guerra hoje em dia, principalmente em São Paulo com a lei cidade limpa. O máximo que o seu graffiti pode durar aqui são duas semanas o que antes eram dois meses. Milhões são gastos com a remoção de graffitis é um total desrespeito que acontece com a arte em si, o governo "compra" mais a arte famosa a que já foi pra fora do Brasil, enquanto MUITOS que querem começar ou estão começando com seus pequenos passos não tem a mínima possibilidade, porque na rua quem não é "famoso" não tem muito espaço, ou você faz o seu trampo bem ligeiro pra não rodar ou você roda, assina e vai pra DP, volta a pintar e por ai vai. O cotidiano pro artista hoje em dia em São Paulo é árduo, mas não é por isso que a cena deixou de existir, tem muito cara que não é bem quisto pelo governo, mas ta aí na luta, pintando todo dia e protestando também, mais especificadamente o Mundano. Resumindo, hoje existem dois tipos de graffiti o comercial assim dito e o originário da rua que você somente encontrará na rua, até porque ele não "agrada" certos conceitos de quem faz esse "filtro" mal feito para as grandes mídias. VIVA a Pixação, Viva o Throw up, Viva o Bomber e tudo aquilo que está fora das grandes galerias.
Qual seu objetivo com as intervenções?
Ao longo disso tudo, o meu único objetivo foi evoluir e construir amizades, consegui ambos e ainda to nessa, porque isso nunca para, a evolução tem que ser constante aprendi muita coisa nos roles, nos imprevistos, na hora que não tem ninguém contigo.
Eu sempre quis que as minhas intervenções fossem vistas, e de alguma forma perceber que as pessoas a viram, sempre quis notar esse feedback. Um outro objetivo, sempre foi fazer com que alguém tenha o meu sticker em mãos, os meu amigos, mas isso nem sempre eu conseguia, até hoje a produção acaba rapidamente sem falar que anda escassa.
Alguns trabalhos
A melhor galeria que existe é aquela que não precisamos pagar pra visitar, não precisamos ser isso ou aquilo pra expor nela e ela recebe a quem quer que seja, a melhor galeria que existe é a rua!
Ror valeu pela entrevista, que você evolua sempre e conquiste todos seus objetivos!
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